O conjunto arquitetônico, principalmente das cidades históricas de Minas, repletas de igrejas e casarões antigos tombados, junto com museus históricos e seus acervos, constituem nossos patrimônios imateriais. Mas você sabia que também temos um rico patrimônio imaterial registrado?
Bens imateriais são manifestações artísticas, celebrações, saberes, ofícios e modos de fazer e, assim como monumentos históricos, são considerados patrimônios culturais. Esses registros são realizados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e pelo Iepha (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico)
Além de reunir o maior número de sítios históricos preservados do país, nosso estado tem a maior seleção de bens imateriais inscritos no Livro dos Saberes. Ficou curioso(a) com essa história? Conheça a seguir os 8 patrimônios imateriais de Minas Gerais!
1. O Toque dos Sinos
Inscrito no Livro de Formas de Expressão em 2009, tendo como referência as cidades de São João Del Rei, Tiradentes, Ouro Preto, Mariana,, Serro, Congonhas do Campo, Catas Altas, Diamantina e Sabará, o Toque dos Sinos de Minas Gerais constitui uma forma de expressão cultural que envolve não só as igrejas católicas — onde ficam as torres que abrigam os sinos —, mas toda a comunidade dessas localidades.
Cada tipo de toque no sino — pancadas, badaladas, repiques ou dobres — é utilizado para anunciar um evento diferente: horários das missas, celebrações católicas e rituais religiosos, como casamentos, batizados, procissões, atos fúnebres, Natal, Semana Santa, festas de santos e padroeiros, dentre outras comunicações de interesse público.
Os sinos de São João Del Rei são tidos como referência pelas demais cidades que ainda conservam essa tradição.
2. Ofício de Sineiro
Além do Toque dos Sinos, o Ofício de Sineiro também foi inscrito em 2009 no Livro de Expressões de Saberes. É passado de geração em geração, sem que haja nenhum tipo de formação oficial — os sineiros detêm todo o conhecimento e saber acerca do toque dos sinos e vão passando adiante aos interessados, de maneira informal.
Este ofício é fundamental para a reprodução dos toques que podem ser reconhecidos pela comunidade, contribuindo para que essa prática permaneça como uma forma de comunicação e identidade. Por alguns toques específicos, inclusive, é possível reconhecer o sineiro que o criou e está manuseando o sino naquele momento.
3. Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas (regiões do Serro e Serras do Salitre e da Canastra)
O queijo mineiro, sem dúvidas, é uma das estrelas da famosa culinária típica do estado, sendo também parte importante da nossa identidade cultural. Em 2008, o Modo Artesanal de Fazer Queijo de Minas das regiões do Serro e das Serras do Salitre e da Canastra, foi inscrito no livro de Registro dos Saberes.
Em cada uma dessas regiões — que têm em comum o uso do leite cru para fazer o queijo — há conhecimentos tradicionais e modos de fazer próprios, que conferem uma aparência e um sabor característicos de cada região ao seu queijo.
Até aqui, apresentamos os patrimônios imateriais de Minas Gerais registrados pelo Iphan, um órgão nacional, portanto são considerados Patrimônio Cultural do Brasil. A partir do próximo tópico, falaremos sobre aqueles que foram registrados pelo Iepha, que se trata de um órgão estadual.
4. Modo Artesanal de Fazer o Queijo Artesanal da Região do Serro
Antes de ter sido incorporado ao registro nacional junto com as regiões da Serra do Salitre e Serra da Canastra, o modo de fazer o queijo artesanal da região do Serro já era considerado patrimônio imaterial pelo estado desde 2002, tendo sido primeiro o bem imaterial cultural registrado.
Sua origem remonta à chegada dos colonizadores portugueses à região pelas trilhas do ouro e, com o passar dos anos, se tornou parte importante da identidade cultural mineira, incluindo desde os instrumentos e técnicas utilizadas até as relações comerciais e sociais envolvidas nessa produção artesanal de queijo, que tem representatividade econômica, cultural e simbólica em Minas Gerais.
Fazem parte dessa região produtora de queijo do Serro, as seguintes cidades: Alvorada de Minas, Coluna, Conceição do Mato Dentro, Dom Joaquim, Materlândia, Paulistas, Rio Vermelho, Sabinópolis, Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro.
5. Folia de Reis
As Folias de Reis ou Folias de Minas foram registradas em 2017 como patrimônio imaterial cultural do estado. São manifestações culturais-religiosas que reúnem grupos de tocadores e cantadores devotos de santos da liturgia católica, como: Reis Magos, Divino Espírito Santo, São Sebastião, São Benedito, Nossa Senhora da Conceição, entre outros.
Com características e indumentárias que variam de acordo com a região e também de um grupo para outro, eles visitam casas de outros devotos fazendo apresentações musicais para distribuir bênçãos e recolher donativos com fins variados. São utilizados, geralmente, instrumentos tais como violas, violão, cavaquinho, pandeiro, bumbos, sanfona e caixas. O principal elemento simbólico é a bandeira levada pelo grupo de casa em casa para adoração do santo homenageado, em torno do qual se organizam festas, pagamentos de promessas etc.
É uma tradição de origem ibérica que está entre as celebrações mais antigas difundidas em Minas Gerais e no Brasil, desde os tempos coloniais, tendo grande relevância na construção do imaginário, identidade e memória individual e coletiva dos mineiros. As folias agregam diversas práticas culturais, saberes, formas de expressão, ritos e celebrações, representando uma parte importante do patrimônio cultural mineiro
6. Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Chapada do Norte
Celebrada desde o século XVIII pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, essa festa, que representa o sincretismo religioso como elo das comunidades negras de Minas Gerais, foi registrada em 2013 como patrimônio cultural imaterial do estado.
Ocorre no segundo domingo de outubro no pacato município do médio Jequitinhonha, atraindo visitantes e devotos de várias partes para saudar a Virgem do Rosário.
7. Comunidade dos Arturos
Primeira comunidade tradicional a receber o registro de patrimônio imaterial na categoria lugares, ela é responsável pela manutenção de diversos bens culturais, como a Festa do João do Mato, a Festa da Abolição, o conhecimento sobre as plantas, a Folia de Reis, o Congado, as Guardas de Congo e Moçambique e a sua cozinha tradicional.
Além da Festa de Nossa Senhora do Rosário dos Arturos, também foram reconhecidos o Reinado/Congado dos Arturos e o Rito da Benzeção nos Arturos, bens culturais relacionados à Comunidade dos Arturos, que fica em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. É formada por descendentes de Camilo Silvério e Carmelinda Maria da Silva, constituindo uma comunidade familiar de ascendência negra, características que permeiam suas diversas expressões culturais.
8. Saberes, Linguagens e Expressões Musicais da Viola
Mais conhecida como viola caipira (ou sertaneja, dentre outras terminologias usadas), esse instrumento está presente em diversas expressões da musicalidade e da cultura mineira, como as Folias, Catiras, Danças de São Gonçalo, Rodas de Viola, Congados, Batuques, Lundus e Sussas.
Em Minas Gerais, encontramos diversos fazedores e luthiers que dominam as técnicas e saberes relacionados com a fabricação das violas, produzindo múltiplas afinações, gêneros musicais, ritmos e jeitos de tocar que compõem a paisagem sonora mineira. Assim, em 2018, os Saberes, Linguagens e Expressões Musicais da Viola foram reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial do estado.
Outros dois patrimônios culturais imateriais de Minas Gerais estão em processo de registro: o Ofício das Quitandeiras de Minas e as Congadas de Minas (ou Congado).
A riqueza cultural mineira, bem como a valorização dos nossos costumes e de todo esse patrimônio intangível — mas nem por isso menos relevante — dá até orgulho, né? É trem bão demais da conta,sô! Aproveite para conhecer um pouco mais também sobre o nosso amado cafezim e as principais regiões produtoras de Minas!