Muito além de Marina Sena: conheça os artistas mineiros que são sucesso no Brasil

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Terra de Flávio Venturini, João Bosco, Paulinho Pedra Azul, Toninho Horta — só para citar alguns de seus cantores de sucesso —, Minas Gerais é berço de grandes nomes da música brasileira. Milton Nascimento, o glorioso Bituca, nasceu no Rio de Janeiro, mas cresceu em Três Pontas, no sul de Minas, e depois mudou-se para Belo Horizonte, onde fundou o icônico Clube da Esquina junto com importantes músicos mineiros, como Lô Borges e Beto Guedes.

Dentre os discos e bandas que marcaram a história musical do estado, o Clube da Esquina se destaca por ter influenciado a expressão cultural e artística não só de Minas, mas do Brasil. O 14 Bis  — banda por trás de sucessos como “Todo Azul do Mar” e “Caçador de Mim” — também teve grande relevância nesse contexto.

Mas nem só de história vive a música mineira, que tem cada vez mais artistas da nova geração despontando no cenário nacional. Bora conhecer um pouco mais das bandas mineiras atuais e relembrar os principais grupos musicais de Minas Gerais? Continue a leitura e confira!

Bandas da atualidade que são mineiras

Como ressaltamos, Minas é celeiro de grandes artistas e palco de expressões artísticas diversas. Na música, estilos variados compõem a safra de novos talentos.

Dentre inúmeros exemplos que poderíamos citar aqui, conheça a seguir alguns dos principais representantes dessa nova geração boa demais da conta, sô!

Clara x Sofia

Clara Câmpara e Sofia Lopes formam um duo (e não dupla) mineiro de indie pop. Cheias de carisma e personalidade, elas se conheceram por acaso em um happy hour com amigos em comum, e cantaram juntas “Banana Pancakes”, do Jack Johnson, a pedido do público. Daí veio um convite para cantarem em uma festa.

Embora naquele momento ainda não pensassem em se profissionalizar na música, ambas já cantavam e compartilhavam vídeos de covers em suas redes sociais — Clara, mais na pegada do pop internacional e, Sofia, da MPB. 

Quando decidiram cantar juntas, tudo começou a fluir e, em pouco tempo de carreira, elas estavam no line-up do Festival Planeta Brasil, se apresentando ao lado de artistas como Seu Jorge, Céu, Natiruts e Wiz Khalifa. 

O duo gravou com Rogério Flausino o single “Corrente do Bem” (2019). Em 2021, lançaram “Não falta mais nada”, em parceria com a banda mineira Velejante. 

Conheça melhor essas duas mineirinhas incríveis em um papo super descontraído no Geraes Podcast:

Daparte

Com influências da MPB e do rock dos anos 1970 e 1990, a banda se formou em 2015, lançando seu primeiro álbum, “Charles”, em 2018. O primeiro single, “Guarda Chuva” mistura o rock ao groove e ao pop.

Os cinco integrantes são compositores: Bernardo Cipriano (voz e teclado), Daniel Crase (bateria), João Ferreira (voz e guitarra), Túlio Lima (voz e baixo)  e Juliano Alvarenga (voz e guitarra), que segue os passos do pai na música — ele é filho de ninguém menos que Samuel Rosa. Como não poderia ser diferente, a Daparte tem como uma de suas referências o Skank, além de Beatles, Oasis e Clube da Esquina.

O segundo disco, Fugadoce, foi lançado em 2021, trazendo um refresh para o pop rock mineiro e nacional, sem medo de experimentar possibilidades, com um som alegre, bem-humorado e original, e letras que falam de amor.

Devise

Passeando entre o britpop e o rock alternativo, com influências internacionais — como Strokes e Oasis — e mineiras  — como Lô Borges e Skank —, a Devise conquistou o público e a crítica, entrando na lista da “nova geração da música brasileira” pelo jornal O Globo. 

O quarteto surgiu na cidade histórica e universitária de São João Del Rei, com integrantes de Bom Despacho, Belo Horizonte e Divinópolis. Logo em seus primeiros anos de estrada, a Devise foi selecionada nos projetos Popload Session e Converse Rubber Tracks, tornando-se uma das grandes apostas do rock da nova geração

O primeiro álbum da banda foi “Lume” (2014), o segundo foi “Petricor” (2017) e, em 2021, foi lançado o disco “Depois de abrir os olhos”, fiel ao espírito do rock. 

Gabriel Elias

Ele estourou na internet, com milhares de acessos nas plataformas de streaming — fenômeno tão característico da era atual —, conquistando um público expressivo espalhado por vários cantos do país.

Mineiro apaixonado pelo mar, Gabriel Elias é cantor, compositor e instrumentista. Fazendo reggae com uma pegada de surf music, tem como algumas de suas referências principais Milton Nascimento e o 14 Bis, grandes ícones da música mineira. 

Ele já tocou com artistas nacionais como Jota Quest, Thiaguinho e Roberta Campos, e internacionais, como SOJA, Jason Mraz e Donavon Frankenreiter, além de já ter se apresentado em festivais de grande relevância, como Planeta Atlântida, Planeta Brasil e Rock in Rio.

Gabriel Gonti

Uma das promessas da nova geração da MPB, o mineiro de Patos de Minas foi o primeiro artista a ser produzido pela cantora Maria Rita, no single “Odoyá” (2021). 

“A gente se dá bem” (2019), um feat com Ana Gabriela, é um dos grandes sucessos de Gabriel Gonti, que além de cantor é compositor, e faz um som “good vibes”, gostoso de ouvir. Ele já gravou também com a dupla OUTROEU a canção “Nuvens” (2020), composta em parceria com Ana Caetano, do duo Anavitória.

Gonti se apresentou no SXSW (South by southwest) 2022 em Austin, no Texas (EUA), ao lado de Anavitória e outros artistas brasileiros e internacionais. Em 2022, vai abrir os shows da banda norte-americana Boyce Avenue na turnê brasileira que passa por 8 cidades em diferentes regiões do país. 

Quer ouvir um papo bão? Confira o episódio do Geraes Podcast com Gabriel Gonti: 

Lagum

A banda Lagum surgiu em 2014, e nos primeiros anos de estrada já alcançou grande projeção dentro do segmento pop/alternativo, com seu som melódico e alto astral.O primeiro álbum foi “Pra lá de Bagdá”, lançado em 2016.  

A regravação de “Deixa”, com a participação de Ana Gabriela, foi compartilhada por Neymar em plena Copa do Mundo (2018) e deu o empurrãozinho que faltava para que a banda de Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte, explodisse na cena nacional. 

Em 2019, a Lagum lançou “Coisas da Geração”, com letras que retratam os questionamentos e anseios típicos da juventude contemporânea, como o próprio nome do disco sugere. 

“Memórias”, lançado em 2021, já carrega um tom mais maduro, de “conversa de adulto”. O disco contou com a participação de Emicida em uma das faixas e trouxe, ainda, uma homenagem a Breno Braga, que era baterista da banda e faleceu em 2020 após um mal súbito, poucos minutos depois de encerrar um show drivin em Belo Horizonte.

Marina Sena

A nova queridinha da música nacional é mineira de Taiobeiras, cidade de 30 mil habitantes na divisa com a Bahia. Ela já foi considerada uma das apostas da “nova mpb”, mas acredita que seu som está mais para o pop/alternativo.

Antes de emplacar a carreira solo, fez parte de A Outra Banda da Lua, em Montes Claros, e depois da banda Rosa Neon. “Ombrinho”, aliás, foi um dos sucessos da Rosa Neon, que Marina canta até hoje em seu show.

O álbum “De Primeira”, lançado em 2021, garantiu três troféus no Prêmio Multishow de Música Brasileira logo em sua estreia. O grande destaque vai para o hit “Por Supuesto” (“Eu já deitei no seu sorriso, só você não sabe…”), que virou um fenômeno nas redes sociais. Curiosamente, Marina só teve acesso à internet a partir de seus 15 anos de idade, e acredita que isso tenha sido algo positivo e que contribuiu para sua originalidade. 

Em 2022, a cantora foi uma das atrações do Lollapalooza, um dos maiores festivais do Brasil, e saiu em turnê pela Europa, passando por Portugal, Espanha, Inglaterra, Dinamarca, Irlanda e Alemanha.

MC Rick

Do Morro do Papagaio (Zona Sul de Belo Horizonte) para o mundo! Erick Warley de Oliveira Rodrigues começou a cantar aos 12 anos e aprendeu a produzir por não ter dinheiro para pagar DJs na época.

Sua voz áspera e versos com temas sexuais explícitos não passaram batido, e ele foi um dos nomes que contribuiu para que BH fosse reconhecida na cena nacional como um celeiro de hits e criatividade do funk. MC Rick se tornou um dos funkeiros mais ouvidos do Brasil e chegou a recusar uma proposta de sua produtora para se mudar para São Paulo em 2020. Ele preferiu ficar na ponte aérea para não se distanciar do funk mineiro. 

O funkeiro de BH emplacou com “Sarrou, gostou”, produzida por Delano, que foi uma espécie de mentor para ele. O hit “Não nasceu pra namorar”, gravado em parceria com o conterrâneo MC Zaquin, foi um dos funks mais tocados do Brasil na época de seu lançamento (2021). 

Sidoka

Nicolas Paolinelli, mais conhecido como Sidoka, tem sido um dos trappers mais comentados da cena musical brasileira e dos streamings desta geração, somando milhões de visualizações e de ouvintes mensais nas plataformas digitais. 

Sua personalidade marcada pelo humor de Minas Gerais, seu estilo identificado pelo uso de luvas — independentemente do clima ou da temperatura — e a ousadia característica de seu jeito de ser e de fazer música compõe a imagem artística de Sidoka, que vem conquistando o Brasil com seus beats e rimas livres e improvisadas.

A parceria com Djonga — com quem já havia trabalhado no EP “O Menino Queria ser Deus”) — e MC Rick na Tropa do Bruxo em “Oclin e Evoque” mostra a união de potências de Minas Gerais, que vem revelando muitos artistas do rap, do funk e do trap.

Old is cool: o tempo passa, mas o sucesso continua

Tem coisas que só ficam melhores com o tempo. Seja por produzirem músicas atemporais, seja por se manterem em atividade mesmo depois de tantos anos de carreira, algumas bandas mineiras se firmaram como ícones de sua geração, lotando shows até os dias atuais e ganhando espaço também nas plataformas digitais, que nem existiam ainda quando elas começaram. 

Espia!

Jota Quest

Misturando pop, rock e uma pitada de black/soul music, o Jota Quest criou um estilo próprio, emplacando grandes sucessos como “Fácil”, “Dias Melhores”, “Na Moral”, “O Sol”, “Só Hoje”, dentre muitas outras canções que marcaram sua história. 

Em 2022, a banda lançou o single “Te Ver Superar”, em parceria com Dilsinho. A composição, feita durante a pandemia, traz uma mensagem de fé e positividade, e fará parte da turnê JOTA 25, em comemoração aos 25 anos de estrada. 

O clipe oficial foi gravado no centro de BH e no Topo do Mundo (mirante entre Nova Lima e Brumadinho), com imagens da banda performando nas montanhas e de ciclistas circulando pela cidade. 

Rogério Flausino conta que amou a ideia do clipe, pois BH é referência mundial de ciclismo, especialmente por conta de suas montanhas e, além disso, a cidade passa por uma discussão sobre a destruição de parte da Serra do Curral por conta da mineração desenfreada na região. Então, a música chega também como um apelo à preservação ambiental e ao respeito pelas diferenças.

Pato Fu

Eleita pela revista Time em 2011 como uma das 10 melhores bandas do mundo fora dos Estados Unidos, a Pato Fu tem um estilo autêntico e experimental, que faz dela uma banda cheia de personalidade e “incansavelmente original”.

Seus discos e apresentações surpreendem pela criatividade e ousadia — como o projeto “Música de Brinquedo” —, embalados pela a voz suave e inconfundível de Fernanda Takai.

Alguns de seus principais hits são “Canção Pra Você Viver Mais”, “Sobre o Tempo”, “Perdendo Dentes”, “Antes Que Seja Tarde”, “Simplicidade”, “Depois” e “Made in Japan”. Duas regravações que fizeram muito sucesso também na versão da Pato Fu são “Ando Meio Desligado” (Os Mutantes) e “Eu sei” (Legião Urbana). 

Skank

Uma das principais bandas de sua geração, o Skank marcou época nos anos 1990 e continua sendo uma das representantes mais fortes do pop rock mineiro, tendo inspirado muitos outros artistas daqui e de fora ao longo de sua trajetória de sucesso.

Alguns de seus singles mais famosos são “Garota Nacional”, “Tão seu”, “Te ver”, “Pacato Cidadão”,  “Vou deixar” e “Simplesmente”. Com quase 30 anos de estrada, em 2022 (para tristeza dos fãs) a banda faz sua turnê de despedida, passando por várias cidades mineiras e também outras regiões do Brasil.

Tianastácia

Rock’n’roll e mineiridade na veia: isso é Tianastácia! O grupo de Belo Horizonte também tem influências do punk, do pop e do metal, e fez homenagens à “terrinha” em duas de suas canções: “Bondosa” e “Eu sou mineiro”. Mas, sem dúvidas, a música mais emblemática deles é “Cabrobró”, que expressa toda a irreverência do “Tia”  

Em 2021, o músico e ator carioca Dudu Azevedo entrou para o grupo como baterista e, em 2022, o vocalista Podé anunciou seu afastamento, mas a banda continua na ativa — inclusive, está preparando um novo disco com produção de Liminha e participações especiais de Dinho Ouro Preto e Samuel Rosa, que gravou uma versão de “Cabrobró”.

Como podemos notar, Minas Gerais é, de fato, um reduto de grandes talentos musicais, novos e antigos, que continuam relevantes com o passar do tempo e abrem caminhos, servindo de inspiração para as gerações seguintes.

A efervescência eclética da música mineira atual vai do rap, com representantes de peso como Djonga, Hot e Oreia e Clara Lima ao eletrônico, tendo Kvsh, The Fish House e FTampa como alguns de seus principais expoentes. Devemos, ainda, menção honrosa ao Sepultura, que foi um fenômeno mundial do trash metal. Além disso, Minas Gerais tem uma cena musical independente cada vez mais forte e diversificada, mas isso já é tema para outro post. 

E aí, qual é sua banda mineira favorita? Compartilhe o post em suas redes sociais e ajude a espalhar — e a exaltar — ainda mais a música de Minas para o mundo! “Sou do mundo, sou Minas Gerais…”

Leia também sobre a música sertaneja mineira e conheça as orquestras de Minas Gerais!

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