Já falamos aqui sobre artistas da música de Minas Gerais. Neste post, reunimos informações sobre alguns dos principais escritores mineiros e suas obras — dentre as quais, alguns clássicos da literatura brasileira — que merecem ser sempre relembradas e exaltadas.
O que não falta é talento artístico nessa terrinha do queijo e do café — e muitos deles retratam a riqueza de nossa cultura e as belezas da paisagem mineira em suas letras, contos, poemas, novelas e livros. Continue a leitura e fique por dentro dessas joias raras da literatura made in MG!
Quem são os principais escritores mineiros
Guimarães Rosa
João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo em 1908. Antes de se tornar um grande escritor, foi também médico e diplomata, mas nunca se afastou de sua paixão pela escrita, cultivada desde a infância. Ainda criança, começou a estudar várias línguas: inglês, espanhol, francês, russo, esperanto, alemão, italiano, latim e grego.
Sua obra teve como elemento central o sertão brasileiro e uma de suas principais características é o uso de uma linguagem inovadora, cheia de arcaísmos e neologismos.
Guimarães Rosa foi um dos principais expoentes do Movimento Modernista, com obras aclamadas como “Grande Sertão: Veredas” (romance), “Corpo de Baile” (livro de novelas) “Sagarana” e “Primeiras Estórias” (livros de contos).
Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1963, só tomou posse em 1967. Adiou-a por 4 anos pois temia ser tomado por uma forte emoção, e faleceu 3 dias após, vitimado por um ataque cardíaco.
Carlos Drummond de Andrade
Um dos maiores poetas e escritores brasileiros de todos os tempos, Drummond nasceu em 1902 na cidade de Itabira, que está presente em grande parte de sua obra, marcada por diversos elementos da vida mineira.
Ele fez parte da segunda geração do Modernismo no Brasil, escrevendo prosa, poesia e também literatura infantil. Foi, ainda, redator-chefe do Diário de Minas e se formou em Farmácia, embora nunca tenha exercido a profissão.
Algumas de suas obras mais famosas são: “A rosa do povo”, “Sentimento do mundo”, “Claro enigma” e “As impurezas do branco”. Morreu aos 85 anos no Rio de Janeiro.
Adélia Prado
Considerada uma das maiores poetisas ainda vivas no Brasil, Adélia Luzia Prado Freitas nasceu em Divinópolis — onde ainda vive — no ano de 1935. Formada no Magistério e, posteriormente, em Filosofia, lecionou por longos anos até que a carreira de escritora tenha se tornado sua atividade principal. Em prosa e poesia, Adélia retrata o cotidiano do interior mineiro.
A publicação de seu primeiro livro, “Estreia”, se deu por intermédio de ninguém menos que Carlos Drummond de Andrade, que enviou os poemas dela para a editora por considerá-los “fenomenais”. “Terra de Santa Cruz”, “O Coração disparado”, “O Homem da mão seca” e “O Pelicano” são algumas de suas obras de destaque.
Darcy Ribeiro
Nascido em Montes Claros em 1922, foi antropólogo, etnólogo, educador e romancista. Dedicou boa parte de sua vida e de sua obra à defesa da causa indígena, disseminando o conceito de identidade cultural. Retratou a cultura e a língua de várias tribos — que estudou e visitou —, tanto em ensaios antropológicos quanto em romances, como “Maíra” e “Utopia Selvagem”.
Darcy Ribeiro foi responsável pela fundação do Museu do Índio, além de ter colaborado para fundar o Parque Indígena do Xingu e o Memorial da América Latina. Criou, ainda, a Universidade de Brasília, a Biblioteca Pública Estadual do Rio, a Casa França-Brasil, a Casa de Cultura Laura Alvim e o Sambódromo do Rio.
Atuou também na política, envolvendo-se principalmente em questões ligadas à educação. Faleceu em 1997, em Brasília.
Carolina Maria de Jesus
Nasceu em 1914 em Sacramento, uma comunidade rural do interior de Minas, onde morou até os 16 anos. Vivendo na favela, em São Paulo, ganhava a vida como catadora de papel — e escrevia em cadernos encontrados em meio ao material que recolhia.
Alguns de seus livros — no total, escreveu 8 — só foram publicados após sua morte, em 1977. “Quarto de despejo”, o mais conhecido, revela detalhes de sua vida sofrida e das dificuldades que passou para garantir seu sustento e de seus 3 filhos. Em “Diário de Bitita”, compilou lembranças de sua infância e adolescência em Minas Gerais.
Sua sensibilidade aguçada e a maneira incisiva de abordar questões sociais importantes, como a desigualdade e o racismo, contribuem para que a obra de Carolina seja cada vez mais reconhecida na literatura brasileira.
Poderíamos citar, ainda, muitos escritores mineiros notáveis de diferentes épocas e de correntes literárias distintas, como o Simbolismo e o Romantismo, até os mais contemporâneos: Alphonsus de Guimaraens, Bernardo Guimarães, Fernando Sabino, Ziraldo, Rubem Braga, Autran Dourado, Rubem Alves, Paulo Mendes Campos, Murilo Rubião, Murilo Mendes, Henriqueta Lisboa, Abgar Renault, Cyro dos Anjos, Oswaldo França Jr., Bartolomeu Campos de Queirós, Lúcia Machado de Almeida, Laís Corrêa de Araújo, Alaíde Lisboa, Pedro Nava, Roberto Drummond, Otto Lara Resende, Conceição Evaristo, Ana Maria Gonçalves, dentre outros.
As frases dos escritores mineiros
Algumas frases fazem tanto sucesso que atravessam gerações, se tornando consagradas por carregarem mensagens profundas e/ou que representam e traduzem sentimentos compartilhados por inúmeras pessoas, de forma poética e reflexiva.
Veja a seguir algumas das frases mais célebres de escritores mineiros que fizeram história!
Frases de Carlos Drummond de Andrade
“Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.”
“Que a felicidade não dependa do tempo, nem da paisagem, nem da sorte, nem do dinheiro. Que ela possa vir com toda simplicidade, de dentro para fora, de cada um para todos!”
“Porque eu sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que as pessoas me enxergam.”
“Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.”
“E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana.”
Frases de Guimarães Rosa
“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
“Viver é um rasgar-se e remendar-se.”
“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.”
“Sertão: é dentro da gente.”
Para conhecer mais frases e detalhes da história de vida e da obra desse escritor mineiro fantástico, leia também: É junto dos bão que a gente fica míó: uma frase pra levar pra vida.
Frases de Adélia Prado
“Um trem-de-ferro é uma coisa mecânica,
mas atravessa a noite, a madrugada, o dia,
atravessou minha vida,
virou só sentimento.”
“Eu mesma não entendo minha enormíssima paciência de ficar à toa, só pensando, pensando e sentindo.”
“Estou no começo do meu desespero, e só vejo dois caminhos: ou viro doida, ou santa.”
Frases de Darcy Ribeiro
“A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto.”
“Mais vale errar se arrebentando do que poupar-se para nada.”
“O Brasil, último país a acabar com a escravidão tem um perversidade intrínseca na sua herança, que torna a nossa classe dominante enferma de desigualdade, de descaso.”
“Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca.”
“Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.”
E você, já conhecia todos esses escritores mineiros incríveis? Leu alguma das obras citadas ou outra que gostaria de acrescentar a esta lista? Conte para a gente nos comentários ou em nosso Instagram!